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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

POR ONDE ANDA - VIRGINIE BOUTAUD

Sucesso na virada dos anos 80 o grupo musical metrô, um dos mais famosos e bem-sucedidos do Brasil, com sua música pop liderou as paradas de sucesso musical. Com uma voz marcante Virginie Boutaud esteve à frente do grupo por apenas 1 ano. Após a sua saída Virginie seguiu novos rumos.

Mas por onde será que anda VirgInie Boutaud?


Virginie, hoje com 52 anos, viúva, paulista, mas atualmente mora em Saint Orens de Gameville, França. Mãe de duas meninas - Mahé que vai completar 21 e Mélanie que acabou de ter 18 anos, Virginie, super simpática, conversou com o blog Papo entre Mulheres, dando uma entrevista bem bacana falando sobre sua carreira, vida pessoal e projetos futuros. Confira!


Papo entre Mulheres: Como você define a Virginie Boutaud?

Virginie Boutaud: Opa! Esta é difícil... Tento ser amável... 

Papo entre Mulheres: Como iniciou a carreira de atriz e de cantora?

Virginie Boutaud: Minha primeira experiência foi na TV cultura, em São Paulo. Graças a uma professora que me indicou ao seu esposo que trabalhava lá na época, passei em um teste e fui selecionada para participar de um programa de ensino de francês, baseado em um desenho animado chamado Oum le dauphin (Oum o golfinho). Adorei tudo aquilo. Foram sempre pessoas preciosas que me indicaram as oportunidades como esta e que me levaram aos poucos a trabalhar como modelo fotográfica, atriz, cantora, compositora, professora, etc.

Papo entre Mulheres: A banda começou em 1978 com o nome “A Gota”. Em 1984 você assumiu os vocais e mudou o nome da banda. Por que o nome Mêtro?

Virginie Boutaud: Não foi bem assim que aconteceu. Eu entrei na Gota alguns anos antes de virar Metrô, como outras pessoas entraram e depois saíram. Na verdade pessoas passavam por ela, atravessavam deixando suas marcas. Fizemos muita musica, shows, até termos a imensa sorte de encontrar alguém que nos desse condições de gravar um LP independente, A gota suspensa. Dai surgiu o convite para assinar um contrato com a CBS (atual Sony). Sentimos então a necessidade de mudar de nome, pois o som da banda estava mudando para algo mais pop, urbano, moderno. Metrô tem cinco letras, somos cinco, metrô é rápido, eficiente, moderno. Na época o metrô de São Paulo tinha poucas estações, pensamos no metrô parisiense...

Papo entre Mulheres: Após sua entrada na banda o estilo musical passou de rock progressivo, para pop. Não era melhor ter criado uma banda em vez de modificar a anterior?

Virginie Boutaud: Musica e pessoas evoluem, foi o que aconteceu com o som à medida que fomos avançando juntos e digerindo informações e influencias. Éramos e somos um todo orgânico constituído de varias células únicas e complementares, A magica está nesta troca, nesta mistura e nas surpresas que brotam nos encontros musicais. 

Papo entre Mulheres: O primeiro sucesso da banda após a troca do nome foi "Beat Acelerado". Quem escreveu a letra e por que você acha que fez tanto sucesso?

Virginie Boutaud: Esta musica e sua letra são de Vicente França. Na origem uma bossa nova, sem refrão, mas com algo especial que detonou com o acréscimo do refrão e do arranjo criados em comun. Com certeza a qualidade da gravação e a produção perspicaz e eficaz de Luis Carlos Maluly e Alexandre Agra, associada a um bom trabalho de promoção contribuíram muito para que este hit natural pudesse fazer o estrondoso sucesso que fez de Norte a Sul do Brasil: era a hora certa, a linguagem certa, suponho.


Papo entre Mulheres: Em 1985 vocês lançaram o primeiro LP chamado Olhar, recheado de sucessos. Um ano após você saiu da banda bem no auge da carreira. Qual o motivo da sua saída?

Virginie Boutaud: O sucesso associado ao trabalho hiper intenso acabou superando o prazer. Éramos muito novinhos e não tivemos a sabedoria de administrar nossos quereres em meio à pressão e ao redemoinho de opiniões e palpites. Não fomos muito ajudados tampouco, o sucesso pode tornar-se incomodo. Foi muito triste e doloroso.

Papo entre Mulheres: Com a sua saída Pedro d'Orey assumiu os vocais. Em 1987 saiu o segundo LP da banda chamado A mão de Mao. Apesar de uma recepção bastante favorável por parte da critica, o LP foi um fracasso de vendas e o Metrô interrompeu a parceria em 1988. O que você acha que aconteceu?

Virginie Boutaud: Não era a boa hora no bom lugar para a mão de Mao. A critica e o publico por sorte não estão sempre de acordo. De maneira geral o disco Olhar teve criticas negativas na imprensa escrita, e foi um fabuloso sucesso de publico, colecionando hits que estão presentes até hoje nas rádios, festas, lembranças e bocas... Voltando à mão de Mao, eles devem ter ficado satisfeitos em ter criticas boas, enfin.

Papo entre Mulheres: Em 2001, você retornou a banda e lançaram um novo álbum chamado Déjà vu com produção independente. Como foi esse retorno e como foi à reação dos fãs da banda?

Virginie Boutaud: Eu morava em Nantes com minha família e recebi no mesmo dia dois convites vindos do Brasil para voltar à ativa com a banda: por um lado, Maluly nos propunha a gravação de um DVD ao vivo, os cinco relendo os sucessos no palco (era a moda destes DVDS ao vivo nesta época, havia demanda por parte do publico). Por outro lado, Yann e Dany tinham produzido algumas pistas musicais, entre elas a base de mensagem de amor, e fiquei encantada com o que ouvi. Nosso momento estava mais para uma tentativa de recolar os caquinhos, como diz Carlos Careqa.

A opção de gravar um CD caseiro, com a presença de nossas famílias, sabendo que minha prioridade de vida estava agora ao lado deles nos pareceu mais adaptada ao momento. Eu sou totalmente apaixonada por cada faixa deste disco, e sei que ele ainda está caminhando. Ela está sendo descoberta pelo publico que gostava do estilo de Olhar e desejava de certa forma uma continuidade estilística. Agora que as informações são acessíveis além do tempo, do espaço e do monopólio de maquinas de marketing, aos poucos as pessoas que curtem o Metrô podem conhecer as outras etapas de nossa historia musical. Os ouvidos também estão mais abertos, alimentados com estilos variados, ao menos para aqueles que têm acesso a uma internet razoável... 

Papo entre Mulheres: Como está a situação da banda atualmente?

Virginie Boutaud: Estamos super felizes em reencontrar com nosso publico, com fé no futuro. Eu estou cuidando da parte memoria, escaneando, postando vídeos e fotos da época. Estamos cuidando com a Sony do lançamento da edição comemorativa dos trinta anos de Olhar, tratando de nos organizar para podermos estar juntos no palco, pois é ai que se criarão as oportunidades para que as musicas que temos composto cheguem a maturidade : na troca com os ouvintes. 


Papo entre Mulheres: Fonte de inspiração no mundo da música.

Virginie Boutaud: Infinito, tudo.

Papo entre Mulheres: Se pudesse voltar no tempo o que você teria feito e o que não teria feito enquanto esteve no auge do sucesso?

Virginie Boutaud: Fiz o que pude na hora que fiz, com os elementos e meios que tinha. Mas suponhamos que tivesse sido diferente, eu talvez pudesse então ter usado minha notoriedade de alguma forma para aliviar a vida de quem sofre com discriminação, por exemplo. Isto é algo que me toca muito e não me suporta: o racismo, o sexíssimo. 

O que não teria feito? Deixado de ler e alimentar minha alma, por exemplo.  

 Papo entre Mulheres: Você participou de algumas novelas e fez comerciais de grandes marcas. Por qual motivo desistiu da carreira de atriz?

Virginie Boutaud: Não desisti de nada, só passei para outra coisa provavelmente mais adaptada na época. A aceitação não é continua, as oportunidades evoluem, altos, baixos, médios...

Papo entre Mulheres: Em 1999, você casou e saiu do Brasil fazendo trabalho voluntário ligado a educação de crianças carentes. O que te motivou a largar a música para esse tipo de trabalho?

Virginie Boutaud: Cada vez que chegávamos a um país novo, tínhamos a oportunidade de nos situar socialmente de novo, experimentando sempre coisas e situações diferentes, ambientes. Eu era esposa de um diplomata, mãe de família, tinha, portanto um certo dever de representação, além de que queria estar com eles ao máximo. Foi uma incrível experiência de vida ter sempre que me questionar e me situar em meio a mundos diversos. Crianças são preciosas, são vulneráveis, são indefesas, são elas que vão fazer evoluir nosso mundo. Educação com E maiúsculo, é a salvação contra a barbaria da ignorância e da miséria. Nunca deixei de fazer e vivenciar musica, só deixei de fazer isto a nível pessoal, por timidez ou complexos, por um lado, por vontade de vive-la espontaneamente e sem obrigações por outro lado.

Papo entre Mulheres: O que Virginie Boutaud faz atualmente?

Virginie Boutaud: Trato de me adaptar à minha vida sem meu marido amado, cuido de minhas grandes filhas, trabalho com educação com crianças ditas "especiais", e cada dia estou trabalhado na volta do Metrô e na possibilidade de estar festejando a vida com o publico que nos curte. Absorvo um mundo de informações ouvindo maravilhosas rádios por aqui, leio, ando de roller, cuido de meu jardim, de minha casa, como o que preparo e a noite bebo um copo do bom vinho nacional francês. Escrevo letras, versões em português e em francês sozinha e com parceiros, toco, canto, rio e choro. Minha felicidade passa pela dos outros.

Papo entre Mulheres: Plano futuros.

Virginie Boutaud: Pra começar, vou ter uma bela noite de sono para começar o dia de amanhã com alegria. Como diz meu irmão, nada como um dia após o outro, com uma noite no meio.

Contato do Metrô: grupo.metro.contato@gmail.com

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