Sylvio
Luiz do Rego Junior, mais conhecido como Sylvinho Blau Blau, 54 anos, casado, 2 filhos. Com mais de 20 anos
de carreira e vários sucesso ao longo dos anos. Com alguns chopes e um bom
papo, Sylvinho, uma figura vintage, nos concedeu uma entrevista muito
descontraída.
Papo
entre Mulheres: Como iniciou a carreira de cantor?
Sylvinho
Blau Blau: Eu comecei a cantar muito jovem com a
minha prima Tânia Alves na casa da minha vó. Então os primos mais jovens
ficavam sentados; a Tania é uma geração um pouquinho acima da minha. A gente
fazia aula de canto, teatro. A gente brincava de cantor, de calouro e aí foi
começando as habilidades musicais, foram aparecendo. Dentro da família a gente
identificou muitos, muitos, muitos primos que gostavam de música e aí foi um
começo bem jovenzinho, com 5, 6 anos. Com 13 anos, na adolescência comecei a
formar minhas bandas com o meu primo sempre e fui parar no Absyntho em 1983. Ai
eu me tornei um profissional de música.
Papo
entre Mulheres: O grupo Absyntho foi sucesso nos anos
80. Por que você resolveu sair do grupo e tentar carreira solo?
Sylvinho
Blau Blau: Convivência é muito difícil. Casamento,
duas pessoas numa sociedade e trabalhar num grupo é muito difícil. A gente era
muito jovem e muito imaturo pra conviver com tamanho sucesso e tão de repente.
Então isso gerou muita dificuldade de relacionamento e eu sempre muito focado,
muito sério. Tive problema com os meninos, com o meu primo principalmente. Logo
com ele que sempre foi o meu mentor da minha história musical. Problemas também
com drogas, de relacionamento, de confusão mesmo gerada pelo sucesso, pelo desgaste,
pelo estresse do sucesso, da carreira. Isso foi ficando cada vez mais difícil e
agravadora já estava de olho em mim porque sempre mais focado, um trabalho mais
rígido, mais duro e aconteceu no final, só 5 anos de Absyntho. Acabou muito
prematuramente em função do desgaste todo.
Papo
entre Mulheres: Você se considera um cantor de sucesso
de uma música só?
Sylvinho
Blau Blau: Não, não mesmo. Primeiro porque não é.
Talvez seja conhecido, muito conhecido pela música Ursinho Blau Blau que foi um
fenômeno. Tanto que trouxe tantas coisas boas como coisas ruins também como o
fim do conjunto. Ela foi uma música que fez muito sucesso muito rapidamente e
ela está até hoje no hit parade da história da música brasileira.
Então em 1984 foi a música mais tocada, mais executada. Está lá nos
anais da MPB do Brasil que a música Ursinho Blau Blau da banda Absyntho foi a
música de maior sucesso do ano. Isso gerou um conflito. A música se tornou
maior que o criador. Por isso sou muito conhecido pela música.
Como Blau Blau ficou tão conhecido nos anos 80 as pessoas esquecem que
tive “Só a lua” que fez muito sucesso. Tive “Lobo” que foi da novela TI Ti Ti. “Balanço
do trem” que foi durante dois anos a música de encerramento do programa da
Xuxa. “Medo feroz” foi um sucessasso de rádio. Então eu sou talvez conhecido
como um artista de uma música só mas tenho vários sucessos.
Papo
entre Mulheres: Por que você acha que Ursinho Blau Blau
é sucesso até hoje?
Sylvinho
Blau Blau: Essas coisas a gente não tem uma
explicação plausível pra isso. Isso é uma coisa do momento, a energia, a alegria
contagiante que eu imprimi na música, o momento, a letra encaixou. É uma coisa
divina mesmo. Sabe você tá ali como bater um pênalti de uma final e fazer o
gol, como também poderia ter perdido. O Blau Blau foi um golaço aos 44 minutos do
segundo tempo eu meti esse gol e a bola entrou e é um sucesso até hoje.
Papo
entre Mulheres: Quem escreveu essa música?
Sylvinho
Blau Blau: Essa música é do Sérgio Diamante que era
o tecladista da banda com o Paulo Massadas que é parceiro do Michael Sullivan.
Foi o primeiro sucesso dele. Ele estava chegando no Rio, magrinho, com fome,
todo hippie, com os olhos fundos; e o Blau Blau foi o primeiro grande sucesso
dele.
Pouca gente sabe que essa música não se chamava “Meu ursinho blau blau”.
Era um sucesso que se chamava “Na praia da ilha”. O Abyshinto era uma banda de
rock só que quando a gente foi para a gravadora o produtor achou que a gente
podia fazer um trabalho mais popular e mudou a letra da música. Foi uma grande
transformação. Isso gerou também muito conflito dentro da banda. E esse também
é um dos motivos que a gente viveu um grande conflito. Nós éramos uma banda
autoral e a partir desse momento que a gente deixou o produtor invadir a nossa
praia isso gerou um conflito muito grande dentro da banda porque a partir daí a
gravadora interferiu muito no trabalho da banda gerando bastante estresse com
todos. Nós éramos todos autores, compositores e a gente não conseguia mais
emplacar as nossas músicas porque a gravadora insistia. A gente deixou de
gravar grandes sucessos como “Chuva de prata”, “Whisky a Go Go”. Poucas pessoas
sabem disso. Por isso que o Abyshinto foi uma banda que não teve mais vida.
Papo
entre Mulheres: A que ou a quem fez você retornar aos
palcos depois de mais de 20 anos?
Sylvinho
Blau Blau: É a minha vida, meu DNA, nasci artista.
Só sei fazer isso. Fiz outras coisas, sou empresário, tive uma empresa de
publicidade, pois sou formado em comunicação. Trabalhei em agência, fui
distribuidor de perfume, mas nada disso consegui levar adiante porque a minha
vida é cantar por esse país. Minha vida é subir no palco e fazer o que eu mais
sei fazer. Então não foi ninguém, foi eu mesmo.
Papo
entre Mulheres: O que te levou a se envolver com as
drogas?
Sylvinho
Blau Blau: A minha geração, a própria época que eu
nasci. Minha infância foi nos anos 60, então eu cresci vendo os malucos todos
na televisão, os Beatles, Raul Seixas, Tim Mais, as bandas de rock, todos eles
envolvidos com drogas porque fazia parte. Era um componente, fazia parte da
cultura pop daquela época. As drogas eram pra minha geração como esses
aplicativos virtual da geração atual.
Dificilmente uma pessoa da minha idade que não tenha usado ou que não
tenha se envolvido com as drogas. Eu por ser um artista, por ter vivido isso aí
de forma mais intensa ela gerou um problema quase trágico. Perdi vários amigos,
grandes ídolos morreram por causa disso. Isso também foi um dos grandes
problemas do final do grupo, uma coisa muito forte. Graças a Deus eu consegui
me livrar desse estigma e dessa geração que vários não conseguiram sair.
Papo
entre Mulheres: Quando você decidiu parar de usar
drogas?
Sylvinho
Blau Blau: Quando eu decidi, foi quando não fazia
mais sentido. Eu nunca usei a droga para ficar melhor ou para me sentir melhor.
Era como se fosse colocar um perfume, era uma coisa que estava incorporada ao
meu ambiente de trabalho, de amigos, de vida. Todo esse segmento, as drogas
estavam aí dentro e quando você se dá conta, isso se torna uma coisa perigosa e
você tá praticamente viciado.
Depois que conheci a minha mulher, que me casei, que tive os meus filhos, ai não fazia mais sentido nenhum. Eu mudei de ambiente. Quando você muda de ambiente, você muda de leitura. Você começa a fazer uma outra leitura da vida e graças a Deus, da ajuda de terapeuta, da igreja, eu me converti numa época, bem bacana, através disso eu consegui sair tranquilamente.
Depois que conheci a minha mulher, que me casei, que tive os meus filhos, ai não fazia mais sentido nenhum. Eu mudei de ambiente. Quando você muda de ambiente, você muda de leitura. Você começa a fazer uma outra leitura da vida e graças a Deus, da ajuda de terapeuta, da igreja, eu me converti numa época, bem bacana, através disso eu consegui sair tranquilamente.
Papo
entre Mulheres: Você entrou para a igreja Pentecostal
após as drogas e logo em seguida posou nu. Como foi a reação da igreja?
Sylvinho
Blau Blau: Me deserdaram né (risos). É uma doideira
isso. Eu fui mandado embora, expulso da igreja. Isso foi um dos motivos pelo
qual abandonei o convívio com a igreja. Porque a igreja é feita por homens, os
homens são muito cruéis.
Eu achei que era naquele momento, era um trabalho artístico que eu devia
fazer, a grana era boa, eu aceitei o desafio porque não tenho o menor problema
com o nu. Minha geração, anos 60, 70, 80, ninguém têm problema com o corpo, com
nada. Sou liberal, em todos os sentidos. Na parte sexual, política, sou quase
um anarquista. Resolvi fazer, fiz, a igreja pirou e me expulsaram praticamente.
Papo
entre Mulheres: Alguns meios de comunicação disseram que
a igreja aceitou na boa sua decisão de posar nu. Isso é verdade?
Sylvinho
Blau Blau: Não aceitou na boa não. Foi um conflito
muito grande. Mas depois que também passou eles queriam que eu continuasse com
o meu dízimo né. Eu chegava de Mercedes na época então eu acho que o pastor não
queria que eu fosse embora. Essa ovelhinha valia dinheiro e estava dando bons
frutos.
Papo
entre Mulheres: Você posou nu para resgatar a fama?
Sylvinho
Blau Blau: Não. Eu posei nu, porque quis posar nu.
Se eu achasse que ia resgatar a minha fama nu, nunca fui um John John, com
membro tão avantajado desse jeito que fosse uma coisa fenomenal. Como eu tenho
um público feminino muito grande eu quis fazer pra elas mesmo porque era uma
revista diferente das revistas gays. Era uma revista para mulheres mesmo. Tanto
que se chamava “Íntima e Pessoal” como é o blog que estou participando e no
meio disso tudo entravam os artistas que topavam fazer esse trabalho – que é um
trabalho artístico como um outro qualquer. Eu, o Humberto Martins, Waguinho,
nós três que eu me lembre fizemos.
Eu acho que não deu muito certo porque engraçado, as mulheres não
acharam muita graça nisso. Não sei se no visual que elas viram ou não é... A
mulher é diferente. Acho que os caras pensaram numa coisa e não é. Mulher não
curte homem pelado. Nada haver. O produto era até muito bonito, muito bem
acabado, a produção foi bem bacana mas não deu muito certo.
Papo
entre Mulheres: Como foi participar do reality A Fazenda
em 2012?
Sylvinho
Blau Blau: Aí sim. Eu quis dar uma satisfação ao
meu público que já vinha fazendo bastante shows, desde 2001 quando eu fiz o Rock
in Rio, que eu fui convidado. A partir de 2001 eu voltei com tudo. Minha
carreira voltou assim... me tornei um ícone dessa festa Ploc, não parei mais, então
a fazenda... eu precisava aparecer para o meu público. Estava mais na rua e as
pessoas falavam: - Cadê você!, Você não
grava mais! Você não aparece mais! E eu fazendo show, show, show. Ah quer saber
vou topar fazer a fazenda, também uma grana legal, e vou me expor, tá na hora.
Estava me sentindo bem fisicamente, assim, eu estava dando um caldinho. Então eu
acho que devia ao meu público feminino, principalmente e não só o feminino mas
o meu público todo que curtiu o Absyntho, curtiu o Sylvinho. Precisava muito
aparecer pra eles.
Papo
entre Mulheres: Quais foram os pontos positivos e
negativos de participar do reality?
Sylvinho
Blau Blau: Positivo, essa exposição novamente a mídia
e negativa uma exposição muito grande, muito radical, muito intensa e ela é
ruim para a família. O pessoal lá de casa sofreu muito, porque é uma exposição
muito grande. Foi um momento muito difícil nesse aspecto. Por outro lado foi
bem bacana porque eu sou leonino e então eu gosto de me exibir mesmo, não tenho
o menor problema de me mostrar. Mas muita exposição, isso gera muita gente
falando, nas redes sociais principalmente. Gera desgaste muito grande dos
familiares.
Papo
entre Mulheres: Quem é Sylvinho Blau Blau e Sylvio Luiz
do Rego Junior?
Sylvinho
Blau Blau: Sou o filho do Sylvio Luiz do Rego, meu
paizão querido. Um menino de classe média, que gosta de música, de esporte; uma
pessoa simples, que ama o palco. Por esse amor ao palco tão imenso ele criou o
Sylvinho Blau Blau que pegou carona no sucesso da banda, da música pra conseguir
se tornar um artista.
Sylvinho Blau Blau é um artista na essência e me dei conta disso por ser
um jovem normal comum de classe média, universitário, muito dentro de uma
trajetória comum como todos os meus colegas. Eu ia me formar, trabalhar e viver
normalmente mas me descobri um artista aos 14 anos quando subi pela primeira
vez ao palco e ganhei meu primeiro festival de música. Quando vi que ali não
tinha problema nenhum que eu me resolvia. Um ambiente mágico e onde eu recarrego
as minhas baterias. Fiz uma fusão do Sylvio Luiz do Rego Junior com o Sylvinho
Blau Blau pra ver no que dá.
Papo
entre Mulheres: Você vai lançar um CD. O que podemos
esperar em seu repertório?
Sylvinho
Blau Blau: É a mesma onda. Tentei ser um cantor
romântico, não consegui. Então a minha praia é Rock and Roll. É essa alegria e
esse clima de festa no palco.
Vou lançar um single que tem muito a ver comigo que se chama “Eu só
gosto de fazer o que ela gosta”. É uma música que eu gravei em 1987 mas que estava
escondida lá num disco e eu redescobri quando fui fazer um show em
Florianópolis. Ela era um sucesso, as pessoas pediam pra tocar essa música e eu
nem lembrava mais. Quando eu me deparei com essa canção de novo eu reparei que
ela é um sucesso. É uma música que tem tudo a ver comigo e vou reedita-la, numa
forma diferente com outro arranjo, moderna e eu tenho certeza que depois da
Copa a galera vai ficar bem feliz, principalmente meu público.
Papo
entre Mulheres: Planos futuros
Sylvinho
Blau Blau: Show. Quero fazer show, gosto do palco.
É o palco que me dá energia, vontade de continuar. Sou um artista que tenho
sonhos, sou instigado a criar coisas muito diferentes até na música, sou uma
pessoa muito simples na parte musical mas no palco sou um animal. Sou um animal
faminto, sou o melhor. Um dos melhores artistas do Brasil no palco sou eu. Não
tenho dúvidas de falar isso, falo mesmo nos meus shows, entrevistas. Me
considero um artista impecável no palco, pela minha postura, pela minha vontade
de estar ali, de fazer aquilo acontecer então eu sou um showman.
Ser feliz, continuar malhando, jogando bola, pegando as minhas marolas, criar
meus filhos e ter a vida simples que eu tenho que é muito melhor que a antiga.
Papo
entre Mulheres: Como você define o Sylvinho na cozinha?
Sylvinho
Blau Blau: É um ambiente que eu tive que habitar. Sempre
fui um rato de cozinha. Gosto de ir a cozinha a noite, de madrugada, abrir a
geladeira, misturar tudo e comer porque eu tenho uma larica noturna tremenda.
Quando precisei ir a cozinha pra realmente defender a comida do
dia-a-dia porque eu precisei fazer isso para os meus filhos, por necessidade,
ai foi um encontro a princípio complicado mas hoje eu me viro muito legal, gosto
do que faço. Faço bem pouca coisa (risos) mas o que faço fica bem bacana por
acho que imprimo o carinho, que é necessário na cozinha, o amor, então faço
questão que fique bem saboroso. Hoje tenho uma relação bem bacana com a
cozinha.
Papo
entre Mulheres: O que não pode faltar em sua geladeira?
Sylvinho
Blau Blau: Ela tem que estar cheia, não pode ficar
vazia. Não tenho assim um produto que eu diga que não vivo sem. Frutas,
legumes, verduras. Sou apaixonado pelas folhas, sou quase um boi pra comer.
Como uma bacia de verduras. Também tem que ter coisas para as crianças mas pra
mim tem que estar cheia
Papo
entre Mulheres: O que gosta de preparar?
Sylvinho
Blau Blau: Sacanagem. Meu macarrãozinho né. Minha
massa que eu faço com maior carinho. Faço um 4 queijos bacana, um parisiense
bem legal, agora eu estou namorando a bolonhesa.
Meus sanduíches, são muito bacanas. Sou o rei de criar sanduíche. Tenho
um que é de salame com queijo brie. É um fenômeno e que as crianças adoram. Com
um bom vinho tinto tá feito.
Papo
entre Mulheres: Algum segredinho na cozinha?
Sylvinho
Blau Blau: Meu segredo é o alho. Uso em quantidade
grande mas uso de um jeito que poucas pessoas usam. Gosto de usar ele sem
descascar. Coloco inteiro porque acho que dá mais gosto do que picado.
Após nossa entrevista, Sylvinho Blau Blau
nos passou uma receita que sempre faz em sua casa. Confira:
MASSA A BOLONHESA
INGREDIENTES
Massa
1 pacote de penne grão duro
sal a gosto
1 fio de óleo
Molho
Bolonhesa
500 g de carne moída
6 dentes de alho amassado
1 cebola pequena picadinha
2 colheres (sopa) de azeite
5 cabeças de alho com casca
1 lata de extrato de tomate
MODO
DE PREPARO
Massa
Numa panela com água fervente coloque o penne, sal e o óleo. Deixe
cozinhar conforme o tempo da embalagem, tirando 30 segundos antes do tempo.
Escorra a massa e reserve.
Molho
bolonhesa
Tempere a carne moída com alho e cebola e leve ao fogo médio até
cozinhar. Retire do fogo e reserve.
Numa outra panela com azeite, doure as cabeças de alho. Adicione o
extrato de tomate e deixe ferver. Acrescente a carne moída (reservada acima) e
deixe cozinhar em fogo baixo por 15 minutos. Retire do fogo.
Montagem
Numa assadeira coloque o penne, o molho de carne moída, misture e sirva
em seguida.
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