O
uso das tecnologias em sala de aula – considerado um caminho sem volta por
especialistas em educação – depende essencialmente dos professores para dar
certo. Por isso, eles se tornaram o grande alvo dos programas atuais do
Ministério da Educação para promover o aproveitamento de ferramentas
tecnológicas nas escolas.
Das
primeiras experiências com a distribuição de laboratórios de informática à
mudança de estratégia depois do projeto piloto do Um Computador por Aluno, a
formação de professores para o tema não perdeu força. O Programa Nacional de
Tecnologia Educacional (Proinfo), que centraliza as estratégias do governo
federal na área, capacitou 644.983 docentes desde 2008.
De
acordo com o Ministério da Educação, todos os cursos solicitados por estados e
municípios para capacitação de educadores para o uso de tecnologias em sala de
aula continuam sendo financiados. Só este ano, a expectativa é de que 4,9 mil
professores façam os cursos, ministrados em 845 Núcleos de Tecnologia
Educacional estaduais.
As
experiências – bem sucedidas ou não – mostraram que se o professor não se
apropriar das tecnologias e perceber os ganhos reais para a prática pedagógica
com as ferramentas, elas se tornam apenas um amontoado de caixas nas escolas.
Desde
2012, o MEC passou a investir em outra iniciativa para modernizar a sala de
aula: os tablets. Os equipamentos portáteis, com tela de 7 ou 10 polegadas, têm
visor multitoque, câmera e microfone embutidos e serão distribuídos para os
professores. Quando chegam às mãos dos docentes, já estão carregados de
materiais multimídia.
Junto
com os tablets, a proposta prevê a entrega de lousas eletrônicas, que possam se
comunicar com os equipamentos do professor, ou computadores e projetores.
Os
primeiros professores a receber os tablets serão os do ensino médio. Até julho
de 2013, o governo federal bancou 378 mil equipamentos e os estados adquiriram
outros 347 mil. Só o MEC investiu R$ 115 milhões. Da mesma forma que no UCA, o
ministério realizou um pregão nacional para ajudar estados e municípios
interessados em espalhar os equipamentos para professores de outras etapas ou
até para alunos a baratear custos com a aquisição.
Para
participar da primeira leva de distribuição dos tablets financiados pelo
governo federal, as redes de ensino precisavam contemplar escolas urbanas de
ensino médio, ter internet banda larga, laboratório do Proinfo e rede sem fio
(wi-fi). Os contratos são assinados pelas próprias empresas e as redes
estaduais de ensino e o tempo de entrega depende disso.
Dados
do ministério mostram que, no primeiro semestre, 275 mil tablets foram
distribuídos às redes. Entre a compra e a entrega, é exigido um tempo para
carregamento de materiais didáticos nos equipamentos e dispositivos de
segurança. Além da formação já oferecida pelo Proinfo, a partir do segundo
semestre, o MEC vai abrir um curso de especialização de 360 horas em Educação
para Cultura Digital.
Dentro e fora da sala de aula
Uma
pesquisa divulgada pelo Comitê Gestor da Internet quebrou um dos grandes mitos
ainda usados como argumento para explicar o pouco uso de tecnologias na sala de
aula: a falta de conhecimento do professor. Segundo o estudo TIC Educação 2012,
que entrevistou 1,5 mil professores de 856 escolas de todo o país, os docentes
utilizam sim a internet em suas atividades diárias e reconhecem benefícios na
utilização desses materiais.
Grande
parte das dificuldades, reconhecidas pelos próprios professores e apontadas
pelos pesquisadores, está na adaptação do uso das tecnologias às rotinas
Falhas na formação
A
falta de disciplinas, ainda dentro dos cursos de graduação, que preparem os professores
para esse novo mundo. Enquanto governos mudam políticas, distribuem diferentes
tecnologias às escolas, os currículos dos cursos de graduação se mantém os
mesmos.
Na
pesquisa do Comitê, os professores entrevistados apontam as mesmas críticas.
Apenas 44% deles disseram ter cursado alguma disciplina sobre uso do computador
e internet e 79% afirmaram que o apoio para o desenvolvimento dessas habilidades
vem de outros educadores e leitura. Quando há resistências dos docentes, os
argumentos são a falta de tempo e o medo de eles terem menos conhecimento da
ferramenta que os alunos.
A
coordenadora de mídias educacionais da Secretaria de Educação do Distrito
Federal, conta que as formações oferecidas na rede são voluntárias. A proposta
dos encontros, organizados pelos NTEs, é ajudar o professor a adaptar as
ferramentas aos componentes curriculares.
Este
ano, no DF, foram distribuídos 3.051 tablets para os professores do ensino
médio. Para aproveitar todas as funcionalidades, a coordenadora reconhece que é
preciso melhorar a infraestrutura das escolas, especialmente de internet, e
adquirir telas interativas para as salas de aulas.
(Fonte:
IG)
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