Outro dia fui jantar num restaurante
badalado na Vila Madalena (SP), aceitei o couvert e pedi a carta de vinhos. Ao
longo de uma lista com uns 15 rótulos diferentes, e confesso que não conhecia
mais que 2, pedi um Carmen Classic Carmenère 2008 (Viña Carmen). Vinho chileno
que se você procurar as características no Google vai encontrar: “elaborado com
a mais emblemática casta chilena, a Carmenere, originária de Bordeaux,
parcialmente barricado, para manter toda a exuberância da fruta. O bouquet é
bastante complexo e cativante...” (simples palavras juntas em uma frase que não
explica muita coisa...). Para mim é um vinho para happy hour, suave e com presença,
que combina muito com pão e azeite ou patê de queijo suave. Não acho que deva
ser tomado frio, apenas abra a garrafa e deixe-o respirar um pouco para os
aromas aflorarem! (Bonito não?)
Bom, como eu já havia tomado este vinho
relaxei e continuei num papo animado. O couvert veio e o garçom trouxe o vinho.
Fez toda aquela reverência típica como se tivesse trazendo pedras preciosas;
mostrou o rótulo, segurou como um bebê e envolveu o gargalo da garrafa com um
guardanapo branco... Em um segundo, sem fazer caretas ou esforço abriu o vinho.
Ele era DE ROSCA!!!!! Como assim??? Olhei para minha amiga, as duas
boquiabertas e pensando: ”Rosca???”... E agora? Devolvemos ou tomamos??
Fui investigar e descobri que hoje
em dia não é incomum você encontrar o vinho que está acostumado a beber, também
na versão de rosca. Encontrei o seguinte...
A cortiça é a casca de uma árvore chamada
Sobreiro. Esta árvore cresce em Portugal, na Espanha e no norte da África, mais
50 % da produção mundial concentra-se em Portugal. Muito bem. Os rapazes que
trabalham neste serviço de retirar a casca da árvore e transformá-la em rolha
estão querendo trabalhar em outro ofício e hoje, em Portugal (maior produtor
mundial) já está havendo falta desta mão de obra!!! Essa é uma das explicações.
Outra explicação é que a rolha de cortiça
natural permite ao vinho "viver" e maturar dentro da garrafa, pois há
entrada de ar. Mas, esta entrada de ar é boa até certo ponto. O ideal e para a
conservação melhor do vinho dentro da garrafa é que não haja esta troca de ar.
E isso a rosca faz. Ela consegue vedar a garrafa 99%. Juntando os trabalhadores
portugueses e as roscas... Não será incomum a rosca entrar na sua vida e nem a
característica do seu vinho mudará, se você tomá-lo com rolha ou rosca. Mas,
atenção, se você procura um vinho com um custo acima de R$ 100,00, com certeza
a rolha estará presente. Ela ainda não foi trocada!
Acho que o que mais perdemos neste jogo de
rolha e rosca é a falta de glamour em abrir uma garrafa de vinho com rosca e
aqueles milhares de apetrechos específicos de vinhos perdem a função e a
necessidade. Até para o dia-a-dia esse glamour é necessário. É como chegar em
casa às 19 h, tirar os sapatos, colocar duas pedras de gelo e uma dose de
whisky em um copo de plástico. O gosto muda. O happy hour muda.
Bom, tomamos duas garrafas de vinho
naquela noite, à conversa continuou animada e ao longo da noite deixamos de
olhar torto para a rosca e o vinho marcou sua presença!
Carmen
Classic Carmenère 2008 –
vinho que mostra taninos suaves e macios, com aroma de geleia de frutas
vermelhas, notas de menta e especiarias e harmoniza bem com carnes vermelhas.
No mercado de SP o preço varia de R$ 40,00 a R$ 55,00.
Daniela
Meira
Autora
do blog Informações à Mesa
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