Sucesso na virada dos anos 80 o grupo musical metrô, um dos
mais famosos e bem-sucedidos do Brasil, com sua música pop liderou as paradas
de sucesso musical. Com uma voz marcante Virginie Boutaud esteve à frente do
grupo por apenas 1 ano. Após a sua saída Virginie seguiu novos rumos.
Mas por onde será que anda VirgInie Boutaud?
Virginie, hoje com 52
anos, viúva, paulista, mas atualmente mora em Saint Orens de Gameville, França. Mãe de duas meninas - Mahé que vai
completar 21 e Mélanie que acabou de ter 18 anos, Virginie, super simpática, conversou com o blog Papo entre
Mulheres, dando uma entrevista bem bacana falando sobre sua carreira, vida
pessoal e projetos futuros. Confira!
Papo entre
Mulheres: Como você define a Virginie Boutaud?
Virginie
Boutaud: Opa! Esta é difícil... Tento ser amável...
Papo entre Mulheres: Como iniciou a carreira de atriz e de cantora?
Virginie
Boutaud: Minha primeira experiência foi na TV cultura, em São Paulo. Graças a uma
professora que me indicou ao seu esposo que trabalhava lá na época, passei em um
teste e fui selecionada para participar de um programa de ensino de francês,
baseado em um desenho animado chamado Oum le dauphin (Oum o golfinho). Adorei
tudo aquilo. Foram sempre pessoas preciosas que me indicaram as oportunidades
como esta e que me levaram aos poucos a trabalhar como modelo fotográfica,
atriz, cantora, compositora, professora, etc.
Papo entre Mulheres: A banda começou em 1978 com o nome “A Gota”. Em 1984
você assumiu os vocais e mudou o nome da banda. Por que o nome Mêtro?
Virginie
Boutaud: Não foi bem assim que aconteceu. Eu entrei na Gota alguns anos antes de
virar Metrô, como outras pessoas entraram e depois saíram. Na verdade pessoas
passavam por ela, atravessavam deixando suas marcas. Fizemos muita musica,
shows, até termos a imensa sorte de encontrar alguém que nos desse condições de
gravar um LP independente, A gota suspensa. Dai surgiu o convite para assinar
um contrato com a CBS (atual Sony). Sentimos então a necessidade de mudar de
nome, pois o som da banda estava mudando para algo mais pop, urbano, moderno.
Metrô tem cinco letras, somos cinco, metrô é rápido, eficiente, moderno. Na
época o metrô de São Paulo tinha poucas estações, pensamos no metrô
parisiense...
Papo entre Mulheres: Após sua entrada na banda o estilo musical passou
de rock progressivo, para pop. Não era melhor ter criado uma banda em vez
de modificar a anterior?
Virginie
Boutaud: Musica e pessoas evoluem, foi o que aconteceu com o som à medida que
fomos avançando juntos e digerindo informações e influencias. Éramos e somos um
todo orgânico constituído de varias células únicas e complementares, A magica
está nesta troca, nesta mistura e nas surpresas que brotam nos encontros
musicais.
Papo entre Mulheres: O primeiro sucesso da banda após a troca do nome foi
"Beat Acelerado". Quem escreveu a letra e por que você acha que fez
tanto sucesso?
Virginie
Boutaud: Esta musica e sua letra são de Vicente França. Na origem uma bossa
nova, sem refrão, mas com algo especial que detonou com o acréscimo do refrão e
do arranjo criados em comun. Com certeza a qualidade da gravação e a produção perspicaz
e eficaz de Luis Carlos Maluly e Alexandre Agra, associada a um bom trabalho de promoção
contribuíram muito para que este hit natural pudesse fazer o estrondoso sucesso
que fez de Norte a Sul do Brasil: era a hora certa, a linguagem certa, suponho.
Papo entre Mulheres: Em 1985 vocês lançaram o primeiro LP chamado Olhar,
recheado de sucessos. Um ano após você saiu da banda bem no auge da carreira.
Qual o motivo da sua saída?
Virginie
Boutaud: O sucesso associado ao trabalho hiper intenso acabou superando o
prazer. Éramos muito novinhos e não tivemos a sabedoria de administrar nossos
quereres em meio à pressão e ao redemoinho de opiniões e palpites. Não fomos
muito ajudados tampouco, o sucesso pode tornar-se incomodo. Foi muito triste e
doloroso.
Papo entre Mulheres: Com a sua saída Pedro d'Orey assumiu os vocais. Em 1987 saiu o
segundo LP da banda chamado A mão de Mao. Apesar de uma recepção bastante
favorável por parte da critica, o LP foi um fracasso de vendas e o
Metrô interrompeu a parceria em 1988. O que você acha que aconteceu?
Virginie
Boutaud: Não era a boa hora no bom lugar para a mão de Mao. A critica e o
publico por sorte não estão sempre de acordo. De maneira geral o disco Olhar
teve criticas negativas na imprensa escrita, e foi um fabuloso sucesso de
publico, colecionando hits que estão presentes até hoje nas rádios, festas,
lembranças e bocas... Voltando à mão de Mao, eles devem ter ficado satisfeitos
em ter criticas boas, enfin.
Papo entre
Mulheres: Em 2001, você retornou a banda e
lançaram um novo álbum chamado Déjà vu com produção independente. Como foi esse
retorno e como foi à reação dos fãs da banda?
Virginie
Boutaud: Eu morava em Nantes com minha família e recebi no mesmo dia dois
convites vindos do Brasil para voltar à ativa com a banda: por um lado, Maluly
nos propunha a gravação de um DVD ao vivo, os cinco relendo os sucessos no
palco (era a moda destes DVDS ao vivo nesta época, havia demanda por parte do
publico). Por outro lado, Yann e Dany tinham produzido algumas pistas musicais,
entre elas a base de mensagem de amor, e fiquei encantada com o que ouvi. Nosso
momento estava mais para uma tentativa de recolar os caquinhos, como diz Carlos
Careqa.
A opção de gravar um CD caseiro, com a presença de
nossas famílias, sabendo que minha prioridade de vida estava agora ao lado
deles nos pareceu mais adaptada ao momento. Eu sou totalmente apaixonada por
cada faixa deste disco, e sei que ele ainda está caminhando. Ela está sendo
descoberta pelo publico que gostava do estilo de Olhar e desejava de certa
forma uma continuidade estilística. Agora que as informações são acessíveis além
do tempo, do espaço e do monopólio de maquinas de marketing, aos poucos as
pessoas que curtem o Metrô podem conhecer as outras etapas de nossa historia
musical. Os ouvidos também estão mais abertos, alimentados com estilos
variados, ao menos para aqueles que têm acesso a uma internet razoável...
Papo entre Mulheres: Como está a situação da banda atualmente?
Virginie
Boutaud: Estamos super felizes em reencontrar com nosso publico, com fé no
futuro. Eu estou cuidando da parte memoria, escaneando, postando vídeos e fotos
da época. Estamos cuidando com a Sony do lançamento da edição comemorativa dos
trinta anos de Olhar, tratando de nos organizar para podermos estar juntos no
palco, pois é ai que se criarão as oportunidades para que as musicas que temos
composto cheguem a maturidade : na troca com os ouvintes.
Papo entre Mulheres: Fonte de inspiração no mundo da música.
Virginie
Boutaud: Infinito, tudo.
Papo entre Mulheres: Se pudesse voltar no tempo o que você teria feito e o que não teria
feito enquanto esteve no auge do sucesso?
Virginie
Boutaud: Fiz o que pude na hora que fiz, com os elementos e meios que tinha.
Mas suponhamos que tivesse sido diferente, eu talvez pudesse então ter usado minha
notoriedade de alguma forma para aliviar a vida de quem sofre com
discriminação, por exemplo. Isto é algo que me toca muito e não me suporta: o
racismo, o sexíssimo.
O que não teria feito? Deixado de ler e alimentar
minha alma, por exemplo.
Papo entre
Mulheres: Você participou de algumas novelas e fez
comerciais de grandes marcas. Por qual motivo desistiu da carreira de atriz?
Virginie
Boutaud: Não desisti de nada, só passei para outra coisa provavelmente mais
adaptada na época. A aceitação não é continua, as oportunidades evoluem, altos,
baixos, médios...
Papo entre Mulheres: Em 1999, você casou e saiu do Brasil fazendo trabalho voluntário
ligado a educação de crianças carentes. O que te motivou a largar a música para
esse tipo de trabalho?
Virginie
Boutaud: Cada vez que chegávamos a um país novo, tínhamos a oportunidade de nos
situar socialmente de novo, experimentando sempre coisas e situações
diferentes, ambientes. Eu era esposa de um diplomata, mãe de família, tinha,
portanto um certo dever de representação, além de que queria estar com eles ao
máximo. Foi uma incrível experiência de vida ter sempre que me questionar e me
situar em meio a mundos diversos. Crianças são preciosas, são vulneráveis, são
indefesas, são elas que vão fazer evoluir nosso mundo. Educação com E maiúsculo,
é a salvação contra a barbaria da ignorância e da miséria. Nunca deixei de
fazer e vivenciar musica, só deixei de fazer isto a nível pessoal, por timidez
ou complexos, por um lado, por vontade de vive-la espontaneamente e sem
obrigações por outro lado.
Papo entre Mulheres: O que Virginie Boutaud faz atualmente?
Virginie
Boutaud: Trato de me adaptar à minha vida sem meu marido amado, cuido de minhas
grandes filhas, trabalho com educação com crianças ditas "especiais",
e cada dia estou trabalhado na volta do Metrô e na possibilidade de estar
festejando a vida com o publico que nos curte. Absorvo um mundo de informações
ouvindo maravilhosas rádios por aqui, leio, ando de roller, cuido de meu
jardim, de minha casa, como o que preparo e a noite bebo um copo do bom vinho
nacional francês. Escrevo letras, versões em português e em francês sozinha e
com parceiros, toco, canto, rio e choro. Minha felicidade passa pela dos
outros.
Papo entre
Mulheres: Plano futuros.
Virginie
Boutaud: Pra começar, vou ter uma bela noite de sono para começar o dia de
amanhã com alegria. Como diz meu irmão, nada como um dia após o outro, com uma
noite no meio.
Contato do Metrô: grupo.metro.contato@gmail.com
Contato do Metrô: grupo.metro.contato@gmail.com
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